Boa revitalização do cinema comercial português??
É a prova que o cinema português pode crescer ainda muito. A contrariar a tendência de gastar subsídios em filmes feitos para minorias, este filme feito para o publico em geral vem provar que existe capacidade técnica para fazer bons filmes.
Na minha opinião tem vários defeitos:
- O argumento, apesar de ser dos melhores portugueses, poderia surgir mais depressa ao desvendar os mistérios, e não explicar tudo durante o filme. Claro que o público português não está preparado para pensar muito... é uma desvantagem.
- Não há necessidade de o elenco ser composto por celebridades, ficamos mais tempo a pensar na celebridade que na personagem. Por outro lado, a ideia de Fernando Fragata foi a de chamar mais público a ver o filme pondo um elenco de gente conhecida.
- A cena do striptease era escusada. Fica fora do contexto e é muito forçada. No entanto entendo que tenha sido uma boa estratégia de marketing. Outro exemplo destes é o crime do padre amaro. Não estou a ser contra a Carla Matadinho, mas acho que ela não teve um papel suficientemente forte para se impor como actriz, talvez mereça outra oportunidade, mas tem que rever o seu futuro como striper. Já para a Zara Quiroga, espero que tenha sido um papel em que ela estivesse à vontade, e não uma “oportunidade única” de ser actriz, pois um técnico cinematográfico com obra já feita merece mais que esta oportunidade.
Mas tem muitos pontos positivos:
- Apesar de ser um bocado contra o uso de celebridades (não actores) nos filmes, pois acho que tira a credibilidade da personagem que encarna, fiquei surpreendido com o desempenho de alguns actores. Rui Unas é um bom exemplo, ao contrário de Adelaide de Sousa que para uma actriz profissional ficou muito aquém na cena em que lhe contam que o marido morreu. No entanto, e a contrariar-me um bocado, por vezes é bom o uso de pessoas que nunca representaram, pois em Portugal à uma tendência para pôr actores de teatro a fazer cinema, e fica tudo uma bocado teatralizado.
- O argumento é bom, pelo menos para aquilo que estamos habituados no cinema português é fora do normal. No entanto, acho que podia ser mais um bocado trabalhado, pois a forma como se desenvolve desvenda tudo, não deixa quase nada para o fim e ainda faltar muita fita correr.
- Os efeitos são bons. Nada de hollywoodesco, mas o suficiente para fazer bons filmes.
- Bons cenários, bons locais, apesar de ser um bocado labiríntico e de não se entender como umas personagens passam umas pelas outras, dá a sensação de que as ligações são um bocado forjadas.